06 Dezembro 2022 8:18
Um lugar de paz e tranquilidade inserida no fervoroso comércio do centro do Recife
30 Agosto 2022 21:35
O templo mantém as características de sua reforma ocorrida entre os anos de 1830 e 1856. A localização da igreja definiu a formação das ruas Direita e da Penha, bem como do Pátio, cercado por casarões que abrigam estabelecimentos comerciais.
30 Agosto 2022 11:00
Igreja Nossa Senhora do Livramento dos Homens Pardos e sua História.

A primeira menção a uma igreja recifense dedicada a Nossa Senhora do Livramento é datada de 1694, quando teria existido uma pequena igreja situada nas “hortas de São Pedro dos Clérigos”.

A invocação à Virgem Maria enquanto sendo “Senhora do Livramento” é bastante antiga, tendo se originado em Portugal na época da batalha de Alcácer-Quibir, na qual o rei Dom Sebastião foi morto e muitos soldados de seu exército derrotado caíram prisioneiros dos mouros.

A mesma invocação ganhou força quando os espanhóis dominaram Portugal (União Ibérica) e prenderam os nobres que não aceitaram o seu jugo. Mas, para além desse contexto histórico, Maria é venerada como libertadora principalmente pelo fato de ter aceitado ser Mãe do Salvador, livrando assim a humanidade do jugo do pecado.

Em Recife, essa devoção foi adotada pela irmandade dos pardos – que eram enorme parcela da população – e não fica clara se a junção dos nomes diz também respeito à libertação de algum jugo escravagista, ou se é apenas um complemento pelo fato de serem eles os instituidores da irmandade (assim como ‘Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, por exemplo). Ficou assim perpetuado o nome “Nossa Senhora do Livramento dos Homens Pardos“.

Há documentação de 1717 que faz menção a um entalhador chamado João da Costa Furtado, que seria o autor dos altares. Consta também que no ano de 1720 foi instalada na sacristia um lavatório de ‘pedra da Paraíba‘.

Nos escritos de Frei Agostinho de Santa Maria, datados de 1722, também é mencionada a existência dessa capela. Ademais, na mesma época, a Irmandade do Santíssimo Sacramento, sediada na Matriz do Corpo Santo (atualmente demolida) decidiu instalar ali um santuário para o Santíssimo, elevando assim a capela ao status de igreja paroquial.

Diante da resistência, os irmãos do Bom Parto voltaram lá em altas horas da noite com escadas, escalaram as janelas da igreja e retiraram a imagem de sua padroeira, junto com todas as alfaias, levando-a para a igreja de São José de Ribamar. O caso repercutiu por toda a cidade, e o bispo de Recife ordenou então que se fizesse uma nova imagem da mesma invocação para ser venerada no mesmo altar…

A partir do ano de 1830, a irmandade dos homens pardos decidiu demolir boa parte da igreja primitiva e construir uma maior.

Em 1832, a nova fachada já estava adiantada, tendo sido colocada no seu nicho uma imagem de Nossa Senhora do Livramento, esculpida em pedra, no tamanho natural. Como a irmandade não dispunha de muitos recursos, o poder público ajudou na reconstrução, instituindo uma loteria especialmente destinada a arrecadar fundos para esse objetivo.

A douração do altar-mor foi efetuada por Cândido Ribeiro Pessoa, constando também o mestre dourador João Batista Correa como artífice do embelezamento do interior. A finalização da obra se deu em 1856, quando foi concluída a torre.

GLOSA
De Maria o Livramento

MOTE
Deus criou de barro um ente
Cheio de dons e candura
Que bela manufatura
A obra do Onipotente!
Ergue-se um homem fulgente
Do paraíso portento.
Com infuso entendimento
Prevarica temerário
Pelo que foi necessário
De Maria o Livramento.

(Escrito pelo irmão pardo Manuel Rodrigues de Azevedo, o ‘Manoel Cabra’, poeta popular na época que se encontra sepultado nessa igreja. Extraído do livro “Velhas igrejas e subúrbios históricos”, de Flávio Guerra)

Escreva uma crítica



Avaliação geral: